Mais uma vez o preconceito contra as mulheres ficou em evidência nos últimos dias, através de falas dos participantes do reality show BBB 24, com críticas em relação ao corpo e a idade. Ainda é comum esse tipo de julgamento contra as mulheres, como se nossas atitudes e aparência fosse alvo de domínio público. Mas, e no mundo corporativo, é possível que em pleno século XXI, as mulheres ainda vivenciem esse tipo de preconceito?
Há anos nós mulheres, lutamos por nosso espaço no mercado de trabalho e a aparência é sempre considerada quando o assunto é valorizar ou não as mulheres no mundo corporativo. Vamos dar alguns exemplos de como isso pode acontecer? Se a mulher se arruma muito, pode ser vista como menos competente, por gastar parte do tempo que devia estudar ou investir na carreira, pensando nos cuidados com o seu corpo e em como se apresenta. Se não se arruma apresenta-se com desleixo e, portanto, não deve ser considerada por não passar segurança ou confiança.
Etarismo Corporativo – A idade ainda pode ser uma barreira para as mulheres?
Falando sobre o viés do etarismo, mas que ainda expõe as mulheres, temos as mais jovens que não são tão levadas a sério por não passarem a credibilidade necessária e as mais velhas que podem ser julgadas por apresentar uma aparência pouco profissional.
Muitas vezes por terem optado por uma maternidade tardia, muitas mulheres vivem sob o temor de perderem sua posição no trabalho, por dividirem seu tempo com os cuidados com os filhos. Ainda há aquelas que chamamos de “Geração Sanduíche” que trabalham, cuidam dos filhos e assumem a responsabilidade no cuidado dos pais que se tornam dependentes delas, podendo necessitar de contratos mais flexíveis de trabalho.
Exemplos utilizando os dados como forma de sensibilizar a causa
Para entendermos como isso é latente nos nossos dias podemos exemplificar através de dados que possam sensibilizar a esta causa.
Você sabia que somente em 1962 a mulher passou a ter o direito de trabalhar sem a autorização expressa do marido, aprovada pelo Estatuto da Mulher Casada. Provavelmente uma geração anterior a sua precisava desse tipo de formalidade?
Somente em 1988, homens e mulheres forem considerados iguais em direitos e deveres perante a nossa Constituição?
Em 2021, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, menos de 37% das mulheres ocupavam cargos gerenciais de nível sênior ou médio, mesmo representando a maior parte da população deste país?
Mesmo que alcancem Ascenção na carreira, ainda enfrentam a discriminação salarial, recebendo em média 15% de defasagem em relação ao salário dos homens que assumem os mesmos cargos? Mesmo que se perceba uma diminuição nessa disparidade entre as remunerações nos últimos anos.
Por serem mulheres 66% Já sofreram discriminação no trabalho; 47% Já tiveram suas habilidades questionadas em momento de crise; 60% já ouviram comentários preconceituosos, conforme dados do estudo feito pela Robert Half Brasil com 293 profissionais brasileiras em 2016?
Segundo a FGV a participação de mulheres no mercado de trabalho é 20% inferior a participação de homens no Brasil e desde 2012 está entre elas o maior índice de desemprego?
Como as empresas podem então valorizar as mulheres no trabalho?
Promover a diversidade é muito importante para as empresas, pois além de proporcionarem ambientes diversos, diminuem a discriminação de gênero e tornam os ambientes mais colaborativos, com pensamentos diferentes e inovadores para solucionar tarefas. Além disso, por serem a maior parte da população, inseri-las no mercado de trabalho as tornam grande consumidoras de serviços e produtos, melhorando a economia brasileira e aumentando o PIB nacional.
A maior parte das empresas acreditam que por ter em seu quadro um número compatível entre homens e mulheres, já estão promovendo a inclusão, mas é necessário avaliar também se as oportunidades de reconhecimento estão sendo oferecidas de forma igualitária, se os salários são compatíveis, se as posições são agregadoras a todos.
Apoiar a maternidade é um fator importante, já que nos primeiros anos é comum que o rendimento possa ser comprometido sem uma rede de apoio. As empresas ajudariam na flexibilização de horários, permitindo trabalhos home office, disponibilizando creches ou condições para que as mães tenham acesso a elas.
Dar oportunidade de trabalho incluindo sempre a participação de mulheres em todos os processos seletivos divulgados pela empresa.
Confie na capacidade das mulheres. Em média elas estudam mais que os homens, representando 60% dos graduandos no Brasil. Possuem perfil multitarefas, são muito dedicadas, detalhistas e tem maior capacidade de administrar conflitos.
Invista em palestras, treinamentos e discussões em grupo para que possa ser minimizado a postura competitiva e haja mais respeito e equidade entre homens e mulheres no meio corporativo.
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Sobre a autora
Marlene Mello é graduada em Gestão de Recursos Humanos e graduanda em Psicologia. Atua há 22 anos na área de Recursos Humanos, predominantemente com Recrutamento e Seleção e Análise de Perfil Comportamental.
Tem uma coluna sobre gestão de pessoas e escreve todas as semanas para o canal Carreiras e Profissões do portal Boas Ideias.