Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2019, as mulheres ganharam 77,7% do salário dos homens. Em cargos de alto rendimento, como diretores e gerentes, a diferença é ainda maior. Dentro desse grupo, funcionarias ganham apenas 61,9% do salário dos homens. O estudo, que analisou as condições de vida no Brasil, apontou que a desigualdade salarial é maior na região Sudeste, onde apenas 34,7% dos cargos gerenciais são ocupados por mulheres.
Apesar das diferenças, mais mulheres têm diploma universitário. Na faixa etária de 25 a 34 anos, a proporção de mulheres que concluíram o ensino superior foi de 25,1% e a de homens foi de 18,3%, uma diferença de 6,8 pontos percentuais. Nas instituições de graduação, porém, menos da metade (46,8%) dos docentes são mulheres. Embora os números sejam pequenos, esse número melhorou nos últimos anos. Em 2013, 43,2% eram docentes.
Sobre a desigualdade salarial
As mulheres quando se formam, são minoria nos cursos de ciências de precisão e produção. Nos cursos de engenharia apenas 21,6% dos estudantes são do sexo feminino, ou seja, menos de um quarto. No entanto, em cursos de serviços sociais, por exemplo, as participações são de quase 90%.
Por um lado, se as mulheres tendem a ser mais estudadas, por outro, sua participação no mercado de trabalho e na vida pública é reduzida, ficando assim em posição de desvantagem. Em 2019, entre as mulheres de 25 a 49 anos, apenas 54,6% com seus filhos estavam empregados com menos de 3 anos, em comparação com 89,2% dos homens na mesma posição. Ou seja, uma diferença de mais de 30 pontos percentuais.
Entre os lares sem filhos, a taxa de ocupação foi de 67,2 por cento para as mulheres e 83,4 por cento para os homens. Além das diferenças relacionadas ao gênero, o estudo também apontou desigualdades raciais. Isso porque as mulheres negras ou pardas com filhos menores de 3 anos apresentaram os níveis ocupacionais mais baixos, com 49,7%.
Mulheres tem jornadas duplas
Quase o dobro das responsabilidades domésticas continua a ser um fator limitante para as mulheres, pois tendem a limitar as carreiras ou até mesmo direcioná-las para empregos com pouca remuneração. Portanto, as mulheres gastam 21,4 horas por semana, enquanto os homens gastam apenas 11 horas em trabalhos de casa.
No entanto, nessas estatísticas o Sudeste liderou o tempo gasto nessas tarefas, com a região gastando 17,3 horas semanais, as mulheres gastando 22,1 horas e os homens gastando 11,3 horas. Assim, os dados mostram que a entrada no mercado também é dificultada pela necessidade de coordenar uma dupla jornada.
Mulheres nas políticas públicas
A sub-representação na política torna-se ainda mais pronunciada se considerarmos que o sexo feminino são a maioria da população do país. Embora a participação feminina tenha aumentado ao longo dos anos, em 2020, as mulheres representavam apenas 14,8% da representação federal. Esta é a porcentagem mais baixa da América do Sul, onde ocupa a 142ª posição entre 190 países.
De acordo com análises e pesquisas eleitorais, o descompasso na proporção de candidatas do sexo feminino para representantes em exercício pode ser atribuído a fatores como a falta de apoio material para candidatas do sexo feminino, inclusive dentro de um partido político, e as maiores taxas de sucesso eleitoral dos candidatos.
Seja o primeiro a comentar